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Eu, a casca e a coisa

  Monique Huerta

    Video full HD

    13 min 39 seg

          2021

13 minutos de Saturno devorando seu filho.

 

Moldo este objeto corpo com minhas mãos. Ele encaixa em meu colo, encaixa em meus braços, meus seios e pescoço. O encaixe é afetuoso, e o afeto assusta. Devoro aquilo que criei, destruo a vontade e permito que ela me inunde por instantes. Me deslumbra a autonomia de um corpo e suas estratégias de deseducação. O afeto e o ódio residem em polos diferentes da mesma escala.

Começar a se entender enquanto corpo não binário/trans é questionar esse corpo. Para explorar  outras formas de vivenciar a corporalidade busco o grotesco, o animalesco, para afirmar que meu corpo é voraz. Me interessa muito mais então, que ele seja percebido assim, enquanto corpo animal, do que percebido na caixa do gênero. Que ele seja percebido por suas práticas e por suas ações, pelo vir a ser. Me interessa que estas práticas regurgitem uma certa noção de normatividade, que elas não abracem, mas que as estranhem.

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